domingo, 2 de dezembro de 2012

Espírito Natalício

E eis que chega a época natalícia, na qual somos todos muito generosos, na qual ninguém espera nada de ninguém.
Em que é óbvio que há pessoas a achar que dinheiro compra amizade, que oferecer coisas desnecessárias e que representam zero de esforço pessoal para as obter se chama generosidade.
Vivemos naquele mundo dos contrários, em que o que se diz é exactamente o oposto do que se faz, em que se diz que não se precisa de nada, mas na verdade se espera desesperadamente algo que não importa na realidade.
E como vivemos nesta contradição de valores sem respingar, sem reclamar?? Todos acham estranho quem faz isso, porque o comodismo da hipocrisia é demasiado para as pessoas se revoltarem contra o que está errado. Dizer e não fazer, é o que vivemos hoje, infelizmente.
Acho piada à quantidade anormal de clichés que circulam todos os dias nas redes sociais, em que as pessoas demonstram que não pensam sobre o que publicam, não pensam sobre o que partilham, porque é demasiado fácil copiar o que os outros fazem.
O problema está na não existência do "Copy Paste" de pensamentos, e quem acha que o faz vai redondamente ao lado do que é Pensar na verdade.
Madre Teresa de Calcutá disse, e muito bem, que nunca queria que lhe oferecessem algo se não tivesse sido fruto de algum sacrifício. Pensando nisto, em que é que marca uma coisa que veio dos trocos que balançavam na carteira de outra pessoa? As coisas que marcam são aquelas vêm do sacrifício pessoal, porque esses são os presentes com uma intenção verdadeira subentendida. Nunca me ofereçam alguma coisa que não venha do vosso "suor", que eu também não o farei. É por isso que dar pedaços do coração custa, mas nunca é em vão. Dar, dar, dar, numa altura em que toda a gente acha que isso não é possível, é quando mais oportunidades há de o fazer.


Mais não posso reforçar a necessidade de dar, antes de querer receber.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

É normal

Como as coisas mudam.
Como ganhamos amigos de um dia para o outro.
Como descobrimos que afinal não somos quem pensávamos ser e que afinal não sabemos mesmo quem somos.
Como percebemos que se calhar nunca vamos saber quem somos porque são coisas definidas por limites e não por valores.
Como chegámos a achar que éramos alguma coisa no mundo e entendemos o quão ridículo isso é, porque a insignificância do ser está intrínseca ao viver.
Como quando cheguei a pensar que havia um sentido e tão facilmente deixei de saber qual era, ou mesmo se existia.
Como senti a felicidade a atravessar o meu corpo, como uma droga inconsciente.
Como vi tudo a passar ao meu lado, com medo que passasse por mim.

Como é que eu não vi o que vejo? E como é que não vejo o que verei? Ser invisual na "clareza" da vida, é triste. E é normal.

sábado, 3 de novembro de 2012

Descobre as Diferenças

O rumo é o que achamos que temos diferente dos animais, quando na verdade vagueamos na rigidez da nossa rotina que não nos leva a mais nenhum lado, a não ser onde começámos. Chama-se a isso rumo, ou será antes um beco sem saída, onde tão (não) inteligentemente nos metemos?
Somos iguais aos animais, aliás, somos animais, porque queremos saber e não nos apercebemos que tudo era bem melhor na ignorância. Avançamos sem saber, porque vemos pouco, somos limitados, não sendo dignos de ser chamados Homens. Homem é aquele que lidera por ser superior, e ser superior é impossível quando se é imperfeito.


Nunca um homem pense que lidera, porque os animais não mandam. Ajudam, cooperam e agem.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A vida aos solavancos

Para quem achava que a vida só era bem aproveitada se tivesse um plano, uma linha contínua que me levasse de um lado ao outro sem qualquer perturbação, estou a deparar-me com a ideia de que para ser bem aproveitada, a vida tem de ser parcialmente incógnita. A mania de querer saber mais do que devo, a mania de achar que devo saber onde vou dar cada passo seguinte, esquecendo (estupidamente) onde estão os meus pés no momento, leva a uma vida mal aproveitada e sofrida por antecipação.
Há momentos para tudo, e nisso beneficiam muito as pessoas pacientes, que esperam, sem se preocuparem, pelo futuro. Dessa "doença" sofria eu quando queria agarrar o futuro como se não tivesse presente. Sinto na pele o presente a fugir para passado e a querer adiar o futuro e é um daqueles momentos em que a única coisa que quero é parar no tempo e ficar assim para sempre.
Quando tudo o que ia fazer estava fora do plano, olhando para trás não conseguia pegar na borracha, apagar tudo o que aconteceu e esquecer aquele ano em que as coisas não correram de acordo com o "mapa" rígido da vida. E sim, é na verdade uma prolepse já muito avançada, mas sei que não vai mudar.
O coração fica mais pequenino à medida que crescemos, porque vamos deixando pedaços dele em muitos lugares, para que no fim não reste nada, e se vá o mais livre e leve possível. Uma parte grande do meu coração já se foi, saiu no momento em que o dei a cada pessoa que conheci e a cada momento que vivi. Descobri o verdadeiro poder da palavra, descobri que tentar controlar o futuro de forma desalmada leva a tudo menos felicidade porque tudo é vivido muito mais intensamente quando é inesperado. É tudo o que espero para todos, que a vida seja inesperada, que não seja constante, que crie choques, que surpreenda, porque acima de tudo ajuda-nos a viver em vez de sobreviver, e ajuda-nos a desfrutar de cada momento como se fosse MESMO o último.

domingo, 16 de setembro de 2012

"Winning a battle, losing the war"


"Even though I'll never need her, 
even though she's only giving me pain, 
I'll be on my knees to feed her, 
spend a day to make her smile again 
Even though I'll never need her, 
even though she's only giving me pain 
As the world is soft around her, 
leaving me with nothing to disdain. 

Even though I'm not her minder, 
even though she doesn't want me around, 
I am on my feet to find her, 
to make sure that she is safe and sound. 
Even though I'm not her minder, 
even though she doesn't want me around, 
I am on my feet to find her, 
to make sure that she is safe from harm. 

The sun sets on the war, 
the day breaks and everything is new..."

                                                                   Kings of Convenience

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

"Mrs. Cold"

"Hey baby, Mrs. Cold, acting so tough
Didn't know you had it in you to be hurt at all
You waited too long, you should've hooked me
Before I put my raincoat on


Okay I get it, okay I see
You were fronting because
You knew you'd find
Yourself vulnerable around me


Okay I get it, okay I see
You feel vulnerable around me

Hey baby, what's going on?
You lost control and you lost your tongue
You lost me, deaf in my ear
Nothing you can say is gonna change the way I feel

Okay I get it, okay I see
You were fronting because
You knew you'd find
Yourself vulnerable around me


Okay I get it, okay I see
You were fronting because
You knew you'd find
Yourself vulnerable around me

Hey baby, what is love? It was just a game
We're both playing and we can't get enough of
We're both playing and we can't get enough of
We're both playing and we can't get enough of."

                                               Kings of Convenience


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O início

O início custa bem caro à sanidade mental, ficamos nervosos porque não sabemos o que esperar, o medo do desconhecido é maior do que todos os outros. Ficamos apagados face àquilo que não sabemos, porque é aquele momento em que percebemos que o nosso conhecimento é tão limitado que não responde ao que mais queremos saber. Vem aí a preocupação.
Não consigo controlar a ansiedade que anda cá dentro, é impossível!! Se contar até dez ajuda a uns, a mim, contar até dez mil parece não chegar.
Não controlar tudo o que se passa à nossa volta é revoltante, porque de um momento para o outro passas de estar na tua rotina confortável a um ritmo completamente diferente que te foi imposto pela sociedade e por ti próprio.
Decifrar o tipo de ansiedade acaba por ser um passo essencial, para compreender o que passa lá dentro do inflexível crânio que temos. Não consigo escrever.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

De repente

De repente vai tudo na sua direção. Quando todos remávamos para o mesmo lado e não compreendíamos todos as mesmas coisas, agora temos cada um os seus problemas, os seus professores e disciplinas. Quando é que alguma vez dei autorização para que tudo isto acontecesse? Nunca quis que os meus amigos fossem para outras cidades estudar coisas diferentes. Nunca pedi isso. Porque não está tudo nas nossas mãos, e ao mesmo tempo está, porque nunca nos quisemos separar dos nossos amigos, mas também nos cabe a nós querer manter o contacto.
Esta seleção natural está tão intrínseca na nossa maneira de agir que somos nós que selecionamos os outros, e sem nos apercebermos culpamos o sistema. O sistema somos nós, a vida foi feita para nós.
É verdade que a mudança não é o amigo mais bem-parecido que temos, mas é de certeza o mais leal, porque apesar de acharmos que nos está a trair a certa altura, está mesmo a ensinar-nos algo de novo. São estes amigos que temos que aprender a valorizar, os que apesar de não fazerem sempre tudo como nós queremos, nunca nos traem. Confia na mudança, é só isso que quero dizer, contrariá-la só gera uma revolta interior muito difícil de controlar.

A vida são dois dias, hoje é segunda e amanhã é terça.

domingo, 9 de setembro de 2012

A saga das colocações

Durante umas férias inteiras anda-se na expectativa de saber para que Universidade é que vamos, e o que é que vamos fazer durante (no mínimo) o próximo ano, até que chega o dia, aquele dia em que se anda sempre a ver o email e a olhar para o telemóvel para ver se alguém já sabe os resultados!!
Sim, o nervosismo consegue tomar conta das pessoas, mas eu, até esse dia tinha-me mantido muito calma porque simplesmente não pensava nisso. Até ao momento em que toda a gente fica nervosa e sente a necessidade de fazer todos os outros ficar da mesma maneira, bem, resultou. Nesse dia estava com os nervos à flor da pele.
No momento em que soube que tinha saído a lista com os últimos colocados e que me estava à disposição fiquei de repente muito calma. Já não me interessava, já não queria saber para o que ia, só queria que acabasse o dia para não ter mais de estar na expectativa.
Não entrei no que queria, e de repente chegou-me à cabeça o pensamento de que não fiz tudo o que era preciso para conseguir o que queria fazer para o resto da minha vida. Como é que quando estava nas aulas não pensei neste exacto momento em que iria descobrir que afinal durante um ano iria estar a deambular noutro curso enquanto esperava pelo derradeiro momento em que iria repetir os exames do secundário.
É verdade que não vale a pena pensar dessa maneira, bem o sei, mas e este ano? Vou andar um bocado perdida. Nada acontece por acaso, verdade? Tenho de pensar em absorver tudo o que vou aprender este ano porque sei que me vai ser útil algum dia (como toda a gente diz, saber não ocupa espaço).
E depois há também o momento em que se sabe o resultado de toda a gente que te rodeia, o que na maioria dos casos me é um bocado indiferente, a não ser que sejam pessoas com as quais me preocupo na realidade.
E é toda esta a saga do estudante do décimo segundo ano que pensa em ingressar no ensino superior.